E falando de montanhas, acontece aqui, na cidade de Domingos Martins, um festival de inverno que já ganhou destaque internacional. Virou uma data obrigatória no calendário cultural e artístico do Espírito Santo. E foi numa das idas a esse festival que aconteceu a historinha que contarei a seguir.
Naquele inverno o calendário de shows estava prometendo... Numa das noites quem cantaria era o Fagner, não sou fã mas curto e além do mais de graça, num clima maravilhoso e numa cidade linda, Perfeito! até Joelma.
Aqui em casa funciona assim: dividimos muito bem nossa responsa com as crianças e nessa viagem cada um tem um dia pra curtir até o final, o outro volta pro sitio levando os meninos pra dormir.No dia do Fagner, era minha vez de voltar se o sono batesse antes do final do show... foi o caso.Na quinta música o mais novo deu sinais claríssimos de que iria capotar ali na rua mesmo se não voltasse pra casa. O guri ja estava quase na fase rem e não era tão tarde assim não. Mas pra piorar a temperatura caiu de repente pra 9 graus e mesmo parecendo um esquimó tinha que ir pra casa meeessmo.Só não tinha noção do que aconteceria a seguir, aliás, ninguém tinha ou tem, sei lá...
Uma amiga nossa, chegando na cidade procurou logo um brechó pra se equipar de tudo o que fosse possível pra driblar o frio e ficar chique, lógico. O que sei é que quando ela terminou de "se montar"... parecia a abominável mulher das neves.Não que estivesse feia, longe disso, apenas era muita roupa pra uma mulher só. Mas o detalhe principal era a bota cano longo (cara pra cacete) que ela comprou pra estrear lá... Até sairmos de casa a bota era perfeita...mas as coisas mudam né?
Voltando pro show do fagner e me despedindo da galera pra levar meu filhote pra casa,essa minha amiga pergunta assim:
- Robson, você ta voltando pro sitio agora? Vou com você, essa bota tá me apertando os pés demais... acho que é o frio...
Respondi que sim e que iria procurar o ponto de táxi e o taxista que nos levou do sítio pra lá... (acho uma sacanagem incomodar os outros que não tem filhos numa situação dessas e afinal era tão perto que um taxi resolvia direitim, sem ninguém precisar me levar e largar o Fagner sozinho, perdido nos seus canteiros).
O problema começou quando eu resolvi procurar um atalho(sou o rei dos atalhos e sempre me perco, quase sempre... sem exageros aqui).
O Local em frente ao palco estava abarrotado de gente, impossível transitar e a rua do táxi ficava exatamente atrás (isso na cabeça de alguém que se perde até dentro de casa).
- Vamos por ali, o ponto de táxi fica na rua de trás, a gente entrando por aqui corta caminho e chega mas rápido do que se tentar enfrentar a multidão (tolinho).
Fui conduzindo meu filho que nessa altura parecia um zumbi sonâmbulo e minha amiga que nos seguia. Primeira esquina e uma sensação de "que raio de lugar é esse?" olhei pra trás e nada de minha amiga aparecer.Aguardo uns segundos e vejo alguém se esgueirando pelo muro xingando horrores... era ela. A bota e seu fabricante estavam sendo amaldiçoados até a quinta geração.Dai lembrei que minha amiga é de pavio curto e quando esta nervosa faz Dercy Gonçalves parecer uma freira pudica.
Continuei andando com a terrível sensação de estar perdido, guiando meu filho e aguardando minha amiga aparecer mancando pelas esquinas que eu contornava. A coisa ficou cíclica; esquina-silencio-silencio-palavrões-palavrões-perdido-perdido...
- Robsonnnnn!!!!! Caralh*! cadê a Porr* desse ponto de táxi! essa bota ta fud* meus pés. Aposto que a gente ta perdido!!!
Claro que estávamos, não fazia idéia pra onde o ponto de táxi tinha ido... depois de andar muito, finalmente um segundo de lucidez!
Pedi que ela ficasse parada com meu filho e desbravadoramente iria sozinho achar o raio do taxi... se morasse no States seria uma forte possibilidade de acabar estampado em caixinhas de leite : PROCURA-SE! homem congelado e desaparecido!
Finalmente achei o bendito ponto de táxi.Só que o tal taxista-amigo-do-peito-irmão-camarada tinha ido dormir... bem, a única alternativa seria achar outro táxi e ensinar o caminho (?) para o novo motorista.
Olhei, e me indicaram que a vez era do táxi da frente:
- Boa noite?! disse eu automáticamente virando estátua ao olhar pra boca do moço. Atração fatal? não, longe disso, era muito, muito brilho labial.Um excesso, na verdade era quase um reboco...
Continua...