quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Claustrofóbico

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Terminamos o ensaio, lanchamos, conversamos e saímos em direção ao elevador. Cinco pessoas num elevadorzinho desses de prédio residencial já fica desconfortável, porque eles normalmente são minúsculos e apertados até pra uma pessoa sozinha. Tudo ia muito bem até o bendito cubículo travar entre o primeiro andar e a garagem. Um dos caras da banda, que é o morador do prédio, fez o pior comentário possível para os ouvidos de alguém que segundos após iria ter claramente assumida sua fobia.
- Xiii agora só com os bombeiros!
Juro que eu estava legal... ou melhor... quase, até ouvir essa frase que me fez pensar na demora que envolveria chamar os moços do carro vermelho. E pra piorar alguém dá o golpe fatal pronunciando a palavra:
C L A U S T R O F O B I A!
Até então eu estava me esforçando pra segurar as ondas, evitando pensar que sofro desse trem. Estranho mas apesar de já saber, nessas horas entra um tipo de negação.
Porque parece que se você admitir piora, sendo que é exatamente o contrário. Ter consciência é o primeiro passo pra se tratar alguma coisa, seja lá o que for. Se você nega torna-se refém daquilo que te oprime. Nesse ponto não havia mais como evitar o bombardeio de pensamentos e sensações características a essa fobia: suor, coração saindo pela boca, falta de ar, sensação de que o lugar esta ficando cada vez menor... Socorro! Só quem tem pode imaginar como funciona essa tortura. Já aconteceu de tentar sair de um desses banheirinhos de piscina, e a chave travar. Se tentasse vira-la iria quebrar e daí a coisa iria ficar mais esquisita ainda. Nesse episódio consegui me controlar e chamei minha filha que estava ao lado do banheiro pedalando uma ergométrica, consegui fazer isso sem alarde, pois ele: o alarde, fica muito maior dentro de mim do que fora. Claro que precisei tirar a chave e passá-la por debaixo da porta para o dono da casa, que graças a Deus em poucos minutos conseguiu abri-la por fora. O pior é sair totalmente encharcado de suor tentando fazer cara de “to ótimo, isso pra mim é fichinha”... Agora tomei a decisão de evitar elevadores e locais que me ofereçam riscos o máximo que puder. Não vou mais ficar fingindo pra mim que não tenho claustrofobia. Tenho e muita. Vendo as imagens do resgate daquela enfermeira que ficou soterrada três dias após o terremoto no Haiti, fiquei assombrado ao vê-la rindo quando abriram um pequeno buraco debaixo dos escombros. Ta doido!? Não consigo nem imaginar o que deve ser isso.
Percebi também que isso não se limita somente a espaços físicos não. Emocionalmente também sou claustrofóbico. Se começar a me sentir sufocado em relacionamentos ( sejam eles quais forem) preciso sair e respirar urgente. Dar um tempo da pessoa pois do contrário morro ou algo morre dentro de mim.
..
Voltando ao episódio do elevador... Duas moradoras que estavam por ali chamaram o porteiro do prédio que abriu a porta com uma chave de fenda. Tudo bem, tudo bem fizemos tudo errado. Não é aconselhável sair sem a energia elétrica estar desligada, o elevador pode descer ou subir, sei de tudo isso! Verdade.
Mas prometo que se acontecer novamente... Dessa vez eu juro, sento e medito. Ommmmmmmmmmm que pariu!!!!

21 contribuições para o avesso do Blog:

Daniel Savio disse...

Cara, a primeira vez que conheço uma pessoa real com medo de claustrofobia (a pessoa "inreal" seria a personagem Tempestade do X-men).

Com certeza é um medo sério e por isso tentou algum acompanhamento psiquiatrico?

Fique com Deus, menino Robson Schneider.
Um abraço.

Cris Medeiros disse...

Tentei me colocar em seu lugar pra ver como me sentiria e sei que essa não é minha fobia... rs... Já fiquei presa num elevador horas, e com uma dona passando mal da tal claustrofobia... Eu tranquila!

Assim como viajar de avião que é a rainha das fobias segundo os psiquiatras... Eu amo viajar de avião e quanto mais trepidação mais acho legal.. ahahah

No entanto, me coloque um microfone e diga que tenho que falar pra uma platéia, mínima que seja... Aí eu vou ter todos os sintomas, suor, sensação de que vou perder o controle sobre mim, meu rosto esquenta, o chão parece fofo... Uma sensação de que algo terrível vai acontecer...

A fobia de salão eu consegui vencer depois que achei um salão em que faço uma bagunça com todos assim que chego... Aí eu relaxo... rs

Fobia é algo sério! Eu não digo pra ninguém que a sua é bobagem, porque tenho as minhas.. rs

Beijocas

Robson Schneider disse...

Pois é Daniel! mas isso é mais comum do que se pensa.O que varia é a intensidade de uma pessoa pra outra.Faço exercicios respiratórios,yoga pois a questão é lidar bem com a crise da forma mais natural possivel...Eu chego lá hehehehe

Marcelo Moraes disse...

Robson, estou lendo o segundo livro da Ana Beatriz Barbosa Silva, "Mentes com Medo - Da Compreensão à Superação", e estou vendo que temos que, de certa forma, aprender a lidar com eles. Muita coisa não é fácil, por mais que se tenha o conhecimento ou as técnicas, é como se tivéssemos que quebrar um muro com as mãos, ao invés das ferramentas que nos oferece.

Chego a me desesperar quando estou num coletivo (trem, metrô, ônibus e afins) e senta ao meu lado ou fica próxima de mim, pessoas fedidas ou com bafo que não param de falar. Não consigo respirar: abro janelas, vou prendendo a respiração e começo a me cheirar, pra ver se o meu perfume possa amenizar o problema. Se eu fosse tomar alguma atitude, seria visto como um preconceituoso, pois muitas destas pessoas são aquelas menos apresentáveis. E como me refiro a odores, estes casos ocorrem quando não se pode abrir muito as janelas (como se abrindo tudo resolvesse o problema), e mesmo assim, o cheiro tá no ar, e vai e volta... Pode ser engraçado para uns, mas nem um pouco para outros.

Teria outros exemplos, mas vou terminar de ler o livro pra ver se sou tão anormal assim, depois te falo...rss

Um abraço pro senhor!

Francisco disse...

Geminiano sempre tem dessas coisas! rsrsrs

Cara! "Me li" no seu texto. Sou claustrofóbico, sim, e também em relações sufocantes...

Recentemente me submeti á uma Ressonância Magnética. Naquele dia, fiquei sabendo como é ser enterrado vivo...! rsrs

Super abraço pra vc, e tenta postar mais seguido. Seus textos são "dez"!

Robson Schneider disse...

Dama: Minha querida amiga o engraçado é como as fobias se diversificam de um para o outro: No meu caso a timidez e o medo dão linha quando estou atràs de um microfone hahaahahha!

Marcelo:Essa coisa de cheiros,odores, fedores tambem tem uma lance psicológico né?! as vezes parece que eles só existem de fato na cabeça da gente.Ja aconteceu inumeras vezes comigo e com outras pessoas identificarem um cheiro no ar e mais ninguem por perto sentir ou percebe-lo.
Um outro abraço pro senhor!

Francisco: hahahaha Fracisco vc é o claustrofobico mais corajoso que conheço!! só faria esse exame sedado.Eu fiz aquele que envolve só a cabeça pra pesquisar uma otite e quase morri hahahahaaha!
Obrigado pelo incentivo, vou tentar postar ao menos uma vez por semana. Valeu! abraços geminianos!

Vivian disse...

...já fiquei presa quase 4hs
em um elevador, e foi aí que
percebí meu controle emocional
em perfeito estado de
conservação...rsrs

mas é claro que não quero
fazer este teste novamente...

já engarrafamento na estrada
me deixa sem ar.

obrigada pela visita e
comentário lá em casa.

gostei muito daqui também!

bj

Déia disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

desculpe a risada, mas é de nervoso!

eu odeio me imaginar ficando presa num elevador!

Uma vez, eu morava no décimo sétimo andar, último, por acaso, é o elevador passou do meu andar rsrsrs pânico total, pensei que iria direto para o céu, sem escalas kkkkk

bjkas

Ava disse...

Risos e mais risos...

Eita, que é cada uma...

Realmente voce deve ter passado uns maus bocados...

E são situações totalmente imprevisíeis... portanto, podem acontecer a qualquer momento...

Quanto a relacionamentos...rs
Bem, realmnete quando tolhe a nossa liberda, passa a ser clustofóbico mesmo...

Beijos, bem livres e soltos...rs

@vitinhobinho disse...

Vou prevenir as escadas a partir de agora.. HSAHSHASA eu sofro por antecipação dos acasos que imagino pra mim. haha

Michele Moura disse...

Sabe, eu não tenho problema com elevadores nem com lugares pequenos. Mas tenho sérios problemas com escadas rolantes. ¬¬
Eu subo rampa, escada (de degraus), ... uma pirâmide até (se for o caso), mas não me peçam pra subir numa escada rolante. Não sei porquê, mas não rola!
Vai entender...

Unknown disse...

HAUAUAHUAHUAHUAHUAHAUAUHAUHAUHAUAHUAHUAHAUHAUHAUAHUAHAUHAUHAUHAUHA Eu deveria estar rindo? Não importa, eu achei graça. Ainda mais do mantra que pariu! AHUAHAUHAUAHUAHAUHAUHAUH ADOREI.

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Robson...
chegando pra conhecer seu blog
e tudo por aqui.
Lindo aqui.
Vou passear com calma por seus escritos esó depois comento com calma.
Mas ja o desafio
a conferir minha
provocação
la no meu blog.
Bjins entre sonhos e delírios

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Ei!
Apesar de ser algo traumatico
e real,
é um texto altamente emocionante exatamente pq posso me colocar
hipoteticamente na situação.
Já fui refém do
pânico
e atraves do conhecimento
de meus limites
aprendi eu mesma a me safar dele.
Pq tudo depende na verdade
do exercício de lidar
com situações
traumáticas.
Já quase me afoguei uma vez e a unica forma de afastar o pânico
foi entrar novamente no mar.

Você escreve gostoso. Vou passear mais
por seus escritos.
Te espero la no meu canto...

Bjins entre sonhos e delírios

Michele Moura disse...

Oi Robson,

Com relação a diários... por muito tempo eu mantive. Mas eu escrevia e nunca mais tocava (nem no assunto, nem do diário depois que terminava o caderno).
Em 2008 eu rasguei todos os meus diários e joguei fora.
Decidi, de 2008 pra cá, fazer diferente: quando algo me faz sentir como uma panela de pressão prestes a explodir eu pego umas folhas avulsas e escrevo o que estou sentindo: 'vomito' tudo no papel. Aí ponho de lado.
Quando me sinto realmente mais calma, menos tocada pela situação, eu volto e releio tudo o que escrevi. E aí posso fazer um balanço, e ver se consigo tirar algo de útil daquilo ali.
O resultado é o que acabo postando no blog: uma versão mais coerente, consistente, razoável e útil do que vou aprendendo sobre mim mesma.
É minha terapia.

um beijo grande, meu querido

Lívia Franzoni disse...

Simplesmente adorei td por aki...!!
Parabéns seu blog é d+...

Dá uma passadinha pelo meu tb...
http://lifranzoni.blogspot.com/
Espero que goste...
Aguardo sua visitinha...

Bjus

Ava disse...

Voltando para reler ...

Estive lendo alguns posts antigos...

Grandes descobertas sobre voce...rs

Tem surtos de inspiração, gostaria de tirar férias de voce, não gosta do silêncio ( mais gritante que o barulho da bicharada), não gosta de ser cobrado, observador, ( um scouter...rs), ex-bancário...

Bem, teus textos estão imprenados de voce... Um pessoa que explode em sensações e sentimentos n forma de palavras...

Ainda não li tudo!

Estou degustando lentamente....


Beijos

Ava disse...

Ah! Adorei a foto...rs

[Farelos e Sílabas] disse...

===

Nossa, que sufoco! Falo assim sem comentar a questão da fobia existente. Lugares apertados já são por si angustiantes, às vezes, nem nos mexer (ou respirar) a gente consegue. Definitivamente, não dá!

Semana passada, saindo do escritório de um amigo, por instinto já fui apertando o botão do elevador para aguardá-lo no andar em que estava[mos]. Olho pro lado e já vejo meu amigo me gritando da escada e afirmando: ‘Tá doido!? Não reparou que a essa hora – 18h – todos os escritórios já estão fechados neste prédio? Se der um problema no elevador, você acha que alguém aqui vai nos ouvir? Elevador aqui só pego até o meio da tarde...”. Hummm... fiquei pensando. Meia-volta volver. Fui de escada. Agora, depois de tal hora, só de escada.

Apesar de ser alguém que em situações estressantes ou de perigo, permaneça super calmo, confesso por absoluta certeza que não é nada interessante estar preso, menos ainda num elevador...

Saudades, rapaz! ;)

===

Unknown disse...

Que terrível, as vezes me imagino ficando presa em um elevador, ficar presa no transito com o ônibus cheio de gente e precisar fazer este exame de ressonância. E só de pensar já quero passar mal.
Nunca dei um "pite" porque sempre que chego ao meu limite eu corro. Se estou em um ônibus ou carro apertado e começo a me sentir mal eu tento conversar com as pessoas, mexer no celular, fechar os olhos e repirar, mas se não consigo simplesmente saio dele.
Frequentei umas 3 sessões com a psicologa, mas deixei de ir. Mas ela me aconselhou a fazer exercícios fisicos, mudar a minha alimentação. Não sei se da certo, pois não tenho tempo para testar isso.
Quero muito fazer viagens para outros Estados ou países, mas tenho medo, penso em entrar no avião e ter uma crise, mas também penso que isso não aconteceria, pois o avião não vai superlotar com pessoas em pé e apertadas.
Então queria saber se alguém que tem Claustrofobia já andou de avião normalmente.
Parabéns pelo seu blog, gostei muito

Francielle

Anônimo disse...

Olá Robson, cara só agora li esse textos, três anos depois, e cara ri demais. E sinceramente te acho muito corajoso. Mesmo sabendo que é claustrofóbico vc entrou naquele elevador. Cruzes. Já passei muito mico por conta da claustrofóbia. Já perdi emprego, já evitei de sair com amigos, de ir ao banco, uma coisa horrorosa. Pior são os comentários e as piadas maldosas. Sem contar os fanáticos religiosos que teimam em querer me levar para cultos, correntes e ainda por cima pagar horrores para me curarem. Nada contra a religião alheia, mas testar a minha fé é demais. Nem tudo é questão de falta de fé. Agora vc nem imagina o desespero em 2012 quando fiquei trancada dentro de um carro com antifurto que deu defeito e travou portas e janelas bem no posto de combustivel. Maio trauma e mico. Agora só entro em carros sem travas e vidros elétricos.